Black metal
Black metal é uma
vertente do heavy metal que evoluiu no início dos anos 80 paralelamente ao
death metal, um outra vertente do metal extremo. É um estilo sombrio, cru e
agressivo e incorpora em suas letras temas como o satanismo e o paganismo (em
particular a mitologia nórdica), em alguns casos neo-nazismo.
Várias bandas de
black metal tiveram influências do punk, tais como Venom, Celtic Frost,
Bathory, Sarcófago, Darkthrone, Impaled Nazarene, Mayhem, Hellhammer, Behemoth,
entre outras.
Algumas bandas
consideradas precursoras do estilo são: Venom, Hellhammer, Bathory, Sodom,
Celtic Frost, Bulldozer, Destruction e Mercyful Fate. Algumas das bandas mais
influentes no início deste estilo foram: Burzum, Darkthrone, Emperor, Immortal,
Sarcófago e Mayhem.
História
Primordios do
black metal
A primeira geração
do black metal refere-se às bandas dos anos 80 que influenciaram a sonoridade e
formaram um protótipo para o gênero.
O termo
"black metal" foi cunhado pela banda inglesa Venom cujo nome foi
retirado de seu álbum Black Metal lançado em 1982. Apesar do álbum ser
considerado thrash metal pelos padrões modernos, apresentava mais temas e
imagens centradas no anticristianismo e no satanismo do que qualquer outro da
época. Os membros do Venom costumavam adotar pseudônimos, uma prática que se
tornou comum entre vários os músicos do black metal.
Outra banda
pioneira do black metal foi o sueco Bathory, liderada por Thomas Forsberg (sob
o pseudônimo de Quorthon). A banda apresentou este estilo em seus primeiros
quatro álbuns, porém no início da década de 1990 tornou-se pioneira do estilo
que hoje é conhecido como viking metal.King Diamond e Sarcófago teriam sido os
primeiros músicos da cena a utilizarem o "corpse paint".
Algumas bandas nos
anos 70 que fizeram referência ao lado obscuro da vida não são enquadradas
neste estilo, porém influenciaram bandas precursoras do gênero. Alguns
consideram que as bandas precursoras fizeram parte da primeira onda do black
metal, sendo alguns dos álbuns mais significativos desta onda: Black Metal -
Venom, The Return..... e Under the Sign of the Black Mark - Bathory, Melissa -
Mercyful Fate, Apocalyptic Raids - Hellhammer e Morbid Tales - Celtic Frost.
Diversas bandas
desta mesma época como Slayer, Possessed e Destruction usaram temas satânicos
em suas letras, embora suas sonoridades fossem bem diferentes do black metal.
Estas bandas ajudaram a forjar a base do que viria a ser o black metal moderno
que passou a existir de forma mais sólida a partir da segunda onda de black
metal.
Início dos anos 90
(segunda geração do black metal)
O estilo teve um
grande crescimento no início dos anos 90 com a chamada "segunda onda de
Black Metal". O ano de 1991 viu os lançamentos dos primeiros discos dessa
leva: Worship Him do Samael; o EP Passage to Arcturo do Rotting Christ e Oath
of the Black Blood do Beherit.
Foi depois desses
lançamentos que bandas da Noruega como Burzum, Darkthrone, Emperor, Mayhem e
Immortal contribuíram para tornar o black metal moderno conhecido por todo o
mundo. Suas letras falavam de temas pagãos, satânicos, anticristãos e ocultos
em geral. Além do aspecto musical, as bandas retomaram o uso das pinturas
faciais que passaram a ser chamadas de pinturas de guerra
("warpaint") ou mais comumente "corpse paint". Alguns dos
álbuns deste período foram:Fuck Me Jesus do Marduk, Det Som Engang Var e
Filosofem do Burzum, A Blaze In The Northern Sky do Darkthrone, Pure Holocaust
do Immortal, De Mysteriis Dom Sathanas do Mayhem e In The Nightside Eclipse do
Emperor.
Na época de 1991 a
1994 ocorreram na Noruega fatos polêmicos ligados ao black metal como queima de
igrejas, assassinatos e violações de túmulos, que indiretamente contribuíram
para a divulgação do gênero pelo mundo. Nesta mesma época começam a ser criados
inúmeros subgêneros do black metal.
Do final dos anos
90 até hoje (terceira geração do black metal)
Durante os últimos
anos da década de 1990, o "black metal" ganhou maior notoriedade na
mídia através de bandas como Dimmu Borgir e Cradle of Filth, que possuíam uma
sonoridade já afastada dos padrões do black metal. Estas bandas logo começaram
a ser consideradas black metal melódico ou symphonic black metal, pelo uso
intensivo de teclados e elementos de música clássica.
Os EUA têm uma
pequena quantidade de bandas de black metal. O movimento estadunidense de black
metal é por vezes chamado de USBM. Esse movimento ainda não ganhou uma forma
muito clara, mas os grupos mais conhecidos são Absu, Judas Iscariot e Averse
Sefira, todos com fortes influências do estilo death metal.
Estas bandas fazem
parte da chamada terceira onda de black metal, que contempla o black metal
contemporâneo.
História e ideário
do black metal norueguês
As mais
proeminentes figuras da original cena da Noruega foi Øystein Aarseth, mais
conhecido como Euronymous, o guitarrista da banda Mayhem, e Varg Vikernes,
único músico do Burzum, precursores da cena black metal na Noruega. A cena era
profundamente anticristã, e procurava remover o cristianismo e outras religiões
não-escandinavas da cultura norueguesa. A maior parte deste movimento foi
dirigida pelo "Inner Circle", um grupo formado por Aarseth, Varg e
alguns outros amigos próximos, cuja sede era o sótão da loja de discos de
Aarseth, chamada de "Helvete" (ou Inferno). A loja incluía um estúdio
de gravações, e foi aí que foram gravados os discos do Mayhem, alguns do Burzum
e de outras bandas de black metal que assinaram com o selo de Aarseth, chamado
Deathlike Silence Productions. Ele só assinava contratos com bandas que,
segundo suas próprias palavras, "encarnavam o mal em seu estado mais
puro".
Durante este tempo
na Noruega diversas igrejas foram queimadas. O "Inner Circle" foi
acusado e não reivindicava estes atos, reclamando que o seu objectivo era
inspirar seus seguidores a perpetuar o orgulho escandinavo e não deixar que
suas origens fossem esquecidas. A mais famosa das igrejas queimadas foi a de
"Fantoft Stave", queimada por um membro do "Inner Circle"
com ajuda de Varg Vikernes (também conhecido como Count Grishnackh) da banda
Burzum. Os entusiastas do black metal também começaram a aterrorizar outras
bandas de death metal que tocavam no país e nos países vizinhos.
A cena black metal
ganhou uma grande repercussão na mídia quando o vocalista da banda Mayhem, Per
Yngve Ohlin, que adotava o pseudônimo "Dead", cometeu suícidio em
Abril de 1991 com um tiro de espingarda na cabeça, depois de ter cortado os
pulsos e garganta. Devido o seu grande senso de humor mórbido, deixou escrito:
"Desculpem pelo sangue". Seu corpo foi descoberto por Aarseth, que em
vez de chamar a polícia, foi correndo para a loja mais próxima comprar uma
câmera e tirou fotografias do cadáver. Uma dessas fotografias serviu de capa
para o álbum Dawn of the Black Hearts, do Mayhem. Boatos dizem que Euronymous
possuía fragmentos do crânio de Ohlin e que ingeriu pedaços de seu cérebro.
O "Inner
Circle" foi mais exposto na mídia quando, em 1993, Vikernes assassinou
Aarseth em sua casa, com 23 golpes de faca na cabeça e nas costas. Vikernes foi
setenciado a 21 anos de prisão e desde então distanciou-se da cena black metal,
escrevendo extensos artigos sobre a história do Burzum. Varg Virkenes, em seus
artigos recentes, deixa claro que a música do Burzum não é mais black metal e
não tem nenhuma ligação com o satanismo. Entretanto, a sonoridade do seu último
álbum Belus é semelhante à dos anteriores, com excepção da parte vocal.
Características
musicais
As canções de
black metal costumam apresentar uma ou mais das seguintes características:
• Utilização de tons menores visando à
criação de atmosferas musicais sombrias, frias, obscuras e melancólicas.
• Guitarras rápidas usando a técnica de
palhetadas em tremolo.
• Baixos com uso de pedal de distorção.
• Letras de cunho anticristão ou ligadas
ao Paganismo, Satanismo, Mitologia e Ocultismo em geral. Existem ainda bandas
em que as letras são ligadas ao Niilismo, Anti-Humanismo, algumas até mesmo à
Depressão, Suicídio ou doenças mentais. Vale notar que bandas como Deicide,
Immolation e Slayer possuem algumas músicas com letras referentes a alguns
desses temas, porém estas bandas são consideradas respectivamente bandas de
Death Metal (Deicide e Immolation) e Thrash Metal (Slayer).
• Bateria rápida e agressiva, geralmente
usando a técnica de "blast beats". A bateria também pode assumir uma
sonoridade mais seca e vagarosa de forma a criar diferentes atmosferas para a
canção.
• Os vocais geralmente são guturais e
agudos, mas existem muitas bandas que utilizam estilos vocais bastante
variados, ainda que sempre "rasgados".
• Utilização ocasional de teclados,
harpas, violinos, órgãos e coros são relativamente comuns, proporcionando à
música uma sonoridade de orquestra. As bandas que se utilizam instrumentos
"leves" são consideradas bandas de Symphonic Black Metal.
• Produção musical limitada e gravação
de álbuns com baixa fidelidade. Este expediente é utilizado intencionalmente
como uma afirmação contra a canção "mainstream" ou para criar
atmosferas diferentes na canção. Este efeito de "subprodução" é
obtido cortando-se as freqüências mais altas e as mais baixas, deixando apenas
as freqüências médias. Poucas bandas pioneiras do estilo ainda se utilizam de
tal recurso, pois sua produção musical limitada era causada principalmente por
seus baixos orçamentos.
Outras
características
• Uma característica notória do estilo é
a utilização do "corpse paint", que é uma pintura facial (geralmente
em preto e branco) que proporciona à pessoa uma aparência de cadáver em
decomposição (corpse, em inglês). A banda Immortal referia-se à sua pintura
como uma pintura de guerra com significado diverso do "corpse paint".
• Utilização de pseudônimos
satânicos/obscuros ou não. Os pseudônimos são herança das tribos guerreiras do
passado, onde eram usados pseudônimos com o objetivo de amedrontar os
integrantes das tribos inimigas. A utilização de pseudônimos no Black Metal foi
iniciada pelo Venom, cuja formação original consistia de Cronos, Mantas e
Abbadon. Outros exemplos são: Quorthon (Bathory), Nocturno Culto (Darkthrone),
Ihsahn (Emperor), Abbath (Immortal), Euronymous (Mayhem), Shagrath (Dimmu
Borgir).
Subgêneros
O black metal é
conhecido por possuir inúmeros subgêneros, havendo grande rivalidade entre
alguns. Os principais sub-gêneros estão listados abaixo:
• Blackened death metal: Este subgênero
se caracteriza basicamente por ter uma sonoridade de death metal e vocais e
letras de black metal.
Algumas bandas:
Behemoth, Belphegor, Sarcofago, Zyklon, Necrófago.
• Black/doom: também conhecido como
Blackened doom, é um gênero que mescla a temática e vocal do black metal com a
lentidão e sonoridade do doom metal.
Algumas bandas: Bethlehem, Forgotten Tomb,
Katatonia, Dictator, Fear of Eternity, Barathrum, Ajattara, Nortt, Dolorian.
• Black metal melódico: Black metal com
uso intensivo de riffs de guitarra mais melódicas.
Algumas bandas: Catamenia, Naglfar, Woods of Ypres;
Old Man's Child.
• Black metal nacional-socialista: A
diferença deste subgênero para o black metal é a orientação neo-nazista, tendo
como temas ódio, paganismo, ideais nacional-socialistas, racismo e orgulho da
nação de origem.
Algumas bandas:
Aryan Terrorism, Temnozor e Nokturnal Mortum.
• Symphonic black metal: Black metal com
a adição de elementos clássicos.
Algumas bandas:
Emperor, Dimmu Borgir, Limbonic Art, Carach Angren.
• Viking black metal: Black metal com
letras falando sobre vikings, bárbaros, mitologia nórdica e natureza.
Algumas bandas: Bathory, Vintersorg, Enslaved ,
Moonsorrow, Immortal.
• Depressive black metal: Black metal
com temas abordando a depressão, descontentamento para/com a vida, suicídio e
misantropia.
Algumas bandas: Xasthur, Lifelover , Thy Light,
Nocturnal Depression, Nyktalgia, Abyssic Hate , Shining.
• Raw black metal: Estilo que que a
música tem uma produção pior que o comum do black metal, com o som mais
"cru" e old school.
Algumas bandas:
Satanic Warmaster.
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