Gothic metal
Gothic metal (também conhecido como goth metal ou metal
gótico) é um gênero do heavy metal que evoluiu do death/doom metal, e
caracteriza-se por seu clima melancólico e um enfoque sombrio em temas como
religião, sexualidade e morte. Muitas das bandas do gênero utilizam elementos
da música erudita como coros e orquestras (produzidos, na maioria das vezes,
por sintetizadores) e vocais líricos. Alguns acreditam que pesar de possuir
influência do rock gótico, o gothic metal não é um tipo de música gótica, pelo
fato da subcultura gótica nunca ter tido nenhuma relação com o metal até então.
Entretanto tal argumento mostra-se falacioso tendo em vista que o gothic metal
é o estilo mais popular a trazer público a música gótica. O gothic metal tende
a aderir valores, filosofias e ideologias tanto da subcultura gótica quanto da
metalhead. O termo foi cunhado por Nick Holmes, vocalista do Paradise Lost[2] e
o álbum Icon lançado em 1993 pela banda, já apresentava essa sonoridade.
Características
O gothic metal é considerado um gênero musical bastante
amplo gerando diversas discussões sobre o que é necessário para uma banda ser
considerada do estilo gothic metal. Alguns pontos comuns entre estas bandas
podem ser citados abaixo:
• A
afinação dos instrumentos de corda tende a ser mais grave que o normal (E);
variam entre D (Tiamat, Paradise Lost), C# (My Dying Bride), ou até B (Type O
Negative).
• Os
teclados tem um papel de destaque neste estilo, auxiliando na criação da
atmosfera e clima das canções. Os teclados são utilizados para simular outros
instrumentos em sua maioria de sopro ou de cordas.
• As
características dos vocais é a personalidade feminina, mas algumas bandas, como
a pioneira Paradise Lost, possui vocais masculinos. Os vocais masculinos podem
ser tanto de um tenor ou barítono quanto guturais. Já os vocais femininos
tendem a ser agudos e operísticos (geralmente soprano), por vezes cantados em
um tom regular com vários efeitos de reverberação. Nos backing vocals temos a
utilização de coros e de canto gregoriano.
• A
atmosfera das canções de gothic metal é sombria, porém sem a lentidão do doom
metal ou a virtuose do symphonic metal e do power metal (estilos musicais às
vezes associados ao gothic metal, por causa de bandas como Nightwish e After
Forever que costumam mesclar a temática gótica às suas composições.
Temática
As letras do gothic metal abordam alegoricamente temas de
escolas literárias tradicionais do século XIX como o Ultra-romantismo e o
Simbolismo incluíndo críticas à religião, horror, tragédias e romances,
histórias de fantasia e ficção científica, releituras mitológicas e temas
medievais. Estas duas últimas características são notadas em diversas bandas de
gothic metal, porém, não são essenciais.
O metal gótico é permeado pelo lado escatológico do
imaginário judaico-cristão. Alguns exemplos:
• A banda
inglesa Paradise Lost tirou seu nome do poema épico de John Milton, O Paraíso
Perdido (1667), onde Lúcifer é tratado como uma figura trágica.
• Os suecos
do Tiamat tiraram seu nome de uma divindade su
méria, uma "serpente do
abismo" que luta com Deus no momento da criação do mundo.
Precursores
Os primórdios do gothic metal já podem ser vistos em três
bandas dos anos 1980.
Christian Death
O gênero death rock, através de bandas como Christian Death,
teve grande influência no que seria futuramente o gothic metal, mas esta
influência parece vir dos últimos trabalhos da banda com Valor Kand, que
considerava o estilo da banda como um tipo de heavy metal diferentemente da
formação original da banda com Rozz Williams, época na qual a banda possuia
grande influencia do punk rock e glam rock.
Apesar de Rozz Williams nunca ter negado suas raízes hard
rock - especificamente o Kiss e Alice Cooper -, com a saída dele o Christian
Death tendeu visivelmente ao Heavy metal. Um exemplo disso é Born in a Womb,
Died in a Tomb, faixa de abertura do álbum All the Hate (1989); essa música têm
alguns elementos bem explícitos do Thrash metal.
Apesar de sua fusão pioneira entre metal e rock gótico, a
música do Christian Death não transcendeu o círculo composto pelos fãs de Death
Rock. A oportunidade disso acontecer veio quando a Century Media quis lançar o
seu disco duplo ao vivo deles, o Amen (1995); essa oportunidade veio água
abaixo quando a Century Media descobriu que a banda tinha pêgo a arte da capa
sem a devida autorização, forçando a gravadora a retirar o disco do mercado.
Samhain
Temos também o caso Glenn Danzig, então ex-vocalista do The
Misfits. Danzig continuou sua empreitada musical montando o Samhain, que
aproximava o horror punk de sua ex-banda com o heavy metal. O Gothic metal
também pode ser visto aqui em suas formas embriônicas, apesar do Samhain exibir
um humor macabro discrepante com a "seriedade" dos seus equivalentes
europeus. Assim como o Christian Death, a música do Samhain teve pouca
repercussão sobre o gothic metal contemporâneo. Apesar disso, algumas bandas de
Black Metal gravarem covers da banda (como o Marduk[10] e o Cradle of Filth).
Celtic Frost
Os suíços do Celtic Frost foram de fundamental importância
para o desenvolvimento do gothic metal europeu. O grupo é uma influência
assumida do My Dying Bride, Katatonia, Paradise Lost, Moonspell, Tiamat, The
Gathering e muitos outros que ajudaram a
moldar o estilo para o que ele é hoje.
O Celtic Frost foi um grande pioneiro dentro do metal
extremo, porque:
• Eles não
tinham a mesma obsessão por velocidade que era característica de seus
contemporâneos (Slayer, p. ex.). Preferiam compor músicas mais lentas, que
pudessem exibir mais variedade.
• O grupo
usava freqüentemente elementos de música erudita nas suas composições: vocais
em falsete, tímpanos e metais.
• A banda
fazia experimentos com a música ambiente. Dois exemplos: "Danse
Macabre", do EP Morbid Tales (1984) e "Tears in a Prophet’s
Dream", do álbum To Mega Therion (1985).
• Tom
Warrior (vocalista e guitarrista) foi um dos primeiros – senão o primeiro – a
intercalar vocais "brutais" com uma voz "gótica", mais
suave (porém sombria). A faixa "Mesmerized" do Into the Pandemonium
(1987) é um exemplo disso.
História
O gothic metal surgiu no início da década de 1990, na Europa
e nos Estados Unidos.
Estados Unidos
Nos EUA o estilo foi capitaneado pelo Danzig, Shadow Project
(a então nova banda de Rozz Williams) e o Type O Negative (a partir do Bloody
Kisses). O Christian Death segue logo depois, assumindo definitivamente a
influência do heavy metal com três dos melhores álbuns de sua carreira: Sexy
Death God (1994), Prophecies (1996) e Pornographic Messiah (1998). Mesmo tendo
o mérito de aparecer ligeiramente antes dos grupos europeus de goth metal, os
representantes do estilo nos EUA tem uma grande desvantagem: eles nunca fizeram
parte de uma "cena" coesa, tendo pouco ou nenhum contato entre si
(com exceção das brigas entre o Christian Death pós-Williams e o Shadow Project).
Europa
Na Inglaterra o trio do Northern Doom[18] escreveu as regras
do jogo. O passo inicial foi dado pelo Paradise Lost, no seu paradigmático
Gothic (1991). Ainda com a sonoridade doom / death metal do primeiro disco
(Lost Paradise, 1990), a banda no entanto se aventura bem além dos limites
estreitos do metal extremo da época. Assim como o Celtic Frost o Paradise Lost
incorpora vocais "líricos", tímpanos e arranjos orquestrais (emitidos
através de um sintetizador). Ele também cria dois elementos que compoem a
formula básica do gothic metal:
• Uma
guitarra "base" fazendo power chords enquanto uma outra faz fraseados
"melódicos" repetitivos, nas cordas mais agudas;
• As
guitarras tocando riffs num intervalo (música) de 5º ou 6º nas cordas mais
graves.
Depois de gothic explodiram bandas de doom / death metal
pela Europa inteira, entre 1992-1994. Muitas delas iriam mais tarde fazer parte
da 2º geração do goth metal: Amorphis,Crematory, Cemetery e Theatre of Tragedy,
entre outros. Algumas chegaram nesse mesmo caminho independente do Paradise
Lost, como foi o caso do Tiamat e o My Dying Bride.
Brasil
O Gothic Metal no Brasil obteve notoriedade em alguns
períodos, com grandes eventos organizados principalmente em São Paulo, Curitiba
e Santos, podemos citar algumas das principais bandas da história do Gothic
Metal;
Dark Eden
Formada em junho de 1998 em Santos-SP, Brasil, por Gustavo
Branco, inicialmente com o nome de “Atom Edge”, o Dark Eden è uma banda de Dark
Metal, com uma temática literária poética, porém obscura, contos sobre desejos
proibidos e relacionamentos vida/morte, homem/mulher bem/mal são muito do que a
banda fala, com uma forte tendência para o Black Metal, devido ao grande peso
de suas músicas, mas que também exploram muito bem a beleza do vocal feminino e
de belos teclados clássicos, o que tornam o Dark Eden uma banda especial, quase
como um Teatro representado através da música, profunda e penetrante. Ainda no
ano de 98 a banda gravou seu primeiro material, em Guarulhos, no estúdio Mamuth
Z, após ganhar um concurso de bandas, na mesma cidade.
Silent Cry
Silent Cry teve inicio em 1993 com Jefferson Britto
(Drums,Vocals), e Dilpho Castro (Guitars and vocals). Para completar o grupo se
juntou à banda o baixista e amigo Cristiano Jarbas, e logo em seguida o
tecladista Antonio Mattos. Logo Cristiano deixaria a banda por motivos pessoais
e o convidado para substituí-lo foi Jaderson Vitorino. Com esta formação, em
1994 a banda lançaria seu primeiro trabalho em forma de uma demo tape intitulada
"Tanatofilo, opulente plenilunio", demo esta que abriu muitas portas,
expondo a banda ao cenário underground brasileiro
Master of Darknes
Banda formada em 2002 em Santos/SP, por Paulo Keller.
Inicialmente se apresentava tocando covers de Theatre of Tragedy, Tristania,
Within Temptation e After Forever, seguindo para composições próprias. Em sua
formação original seu instrumental era comandado por Tatiana Henna (Teclado) e
Christian Bacci (Guitarra), contava com a experiência de Rodolfo Alexandre (Bateria),
com o peso de Alex Bacci (Baixo) e com a guitarra base de Marcos Ghelere, os
vocais ficavam por conta de Paulo Keller e Lidiane Sampaio.
A banda teve diversas formações e encerrou suas atividades
em 2007 com grandes composições como "Falling Tears" e "Burning
Soul" ambas compostas pelo guitarrista Karl Heinz que participou da banda
no ano de 2006. Atualmente Christian Bacci é baixista da conceituada banda Opus
Tenebrae.
Os primeiros discos de gothic metal
O primeiro disco de gothic metal - apesar do termo ainda não
ter sido cunhado - foi Icon (1993), do Paradise Lost. A banda simplificou suas
músicas e se livrou dos riffs de death metal e dos andamentos lúgubres do doom
metal. Nick Holmes também substituiu o seu vocal gutural por um timbre de voz
bem parecido com o de James Hetfield (Metallica).
No mesmo ano é lançado Serenades do Anathema. Apesar de
musicalmente situado dentro do death/doom metal, não tendo, assim, nada do que
hoje é considerado gothic metal, o álbum tinha uma faixa,
"Sleepless", um meio termo entre The Cure e Metallica que viria a
ser, diretamente ou indiretamente, um modelo a ser seguido no emergente gothic
metal.
Por último temos o Wildhoney (1994), do Tiamat. Considerado
inclassificável quando lançado (não parecia com nada do underground metállico
da época), o disco criou um novo precedente no mundo do metal. Wildhoney juntou
mundos díspares - Slayer com Pink Floyd, p. ex. - e acabou sendo um dos álbuns
que definiu o gothic metal. Seu clima melancólico, seus experimentalismos
floydianos e alternância de Edlund entre seu vocal gutural e seu vocal mais
"cantado" ainda servem de referência até hoje para muitas bandas de
gothic metal.
Rumo ao mainstream
Type O Negative
O primeiro "disco de sucesso" do gênero foi o
Bloody Kisses (1993), do Type O Negative. O disco em questão tinha uma
versatilidade e apelo "pop" muito superior ao dos seus contemporâneos
europeus; Bloody Kisses conseguia mesclar de forma coerente Hardcore punk
("Kill All the White People"), Industrial (as várias vinhetas do disco)
e Pop psicodélico ("Set Me On Fire", "Can't Lose You"). O
Bloody Kisses deu várias oportunidades à banda: foram incluídos no tributo ao
Black Sabbath (Nativity In Black, 1994) e fizeram turnês ao lado do Danzig,
Pantera, Nine Inch Nails e Mötley Crüe. O TON também teve uma música sua
incluída na trilha do filme Mortal Kombat (1995), um disco de platina nos EUA.
Cabe dizer que até hoje já foram vendidas mais de um milhão
de cópias de Bloody Kisses só nos Estados Unidos. A banda também conseguiu um
disco de ouro por October Rust (1996).
Paradise Lost
O Bloody Kisses europeu foi Draconian Times (1995), do
Paradise Lost. Nesse época a banda já tinha conseguido vender mundialmente 1
milhão discos, um marco na história do metal underground só alcançado depois
pelo Cannibal Corpse e Cradle of Filth.
Dez anos depois, o Paradise Lost conseguiu dobrar essa marca
- mesmo sem nunca ter conseguido um só disco de ouro ou platina. Há também
rumores persistentes de que disco Icon (1993) teria ultrapassado as vendas do
álbum hômonimo do Metallica na Alemanha, o que não é bem verdade.
Controvérsias
O que é - e o que não é - gothic metal
Uma grande ironia do gothic metal contemporâneo é o fato de
que seus grupos mais bem-sucedidos não pertencem ao gênero. A culpa dessa
confusão vêm uma visão estereotipada do gothic metal: bandas de metal com
vocalistas femininas e floreios neoclássicos[28]. Essa generalização acaba
englobando bandas como Nightwish, Epica, Within Temptation, After Forever e
Evanescence.
Nightwish
Uma banda frequentemente confundida como banda de
"metal gótico" é o Nightwish. Numa entrevista cedida ao site espanhol
Hall of Metal, Tuomas Holopainen (Tecladista e líder do Nightwish) disse o
seguinte a respeito dessa questão:
Eu não considero o Nightwish uma
banda de metal gótico. Esse estilo musical é característico do Paradise Lost,
Type O Negative ou Lacrimosa no começo de suas carreiras. Talvez pudéssemos ser
gothic metal pelo conteúdo de nossas letras, mas mesmo assim eu penso que não
temos nada a ver com o estilo.
— Tuomas Holopainen
Numa outra entrevista Holopainen afirma que o Nightwish é
"Heavy metal melódico com uma voz feminina". A banda na realidade
enquadra-se no Symhonic/Power Metal. Até as influências do Nightwish são
distintas da maioria dos grupos de gothic metal: Stratovarius, Megadeth e as
trilhas sonoras de Hans Zimmer, Danny Elfman, James Horner e Michael Nyman.
Bandas semelhantes ao Nightwish, tal como Epica, Within
Temptation e After Forever, pertencem ao virtuoso Symphonic Metal, ainda que
certas canções lembrem o Gothic Metal por um eventual clima sombrio e temas
líricos românticos.
Góticos e o gothic metal
O metal gótico atraiu muitos neófitos para a cena gótica.
Entretanto, ele foi também alvo de críticas por parte de veteranos dessa mesma
cena. Uma parcela dos "antigos góticos" desaprovam o gothic metal
pelo fato da raíz do estilo ser o metal. O metal é considerado por eles um
estilo machista e misógino. Entretanto, trata-se de um preconceito infundado
posto que o metal carece de ideologia própria e unificadora que possa ser
entendida de tal forma. Há também os acreditam que sua ênfase na agressividade
de guitarras "pesadas" não seja condizente com a "alma
feminina" da cultura gótica. Argumentam também que o fato de algumas
bandas serem introduzidas à mídia muito facilmente tende por acabar
classificando toda banda que tenha vocais femininos e instrumentos sinfônicos
como uma banda gótica.
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