quarta-feira, 15 de agosto de 2012

GOTHIC METAL


Gothic metal

Gothic metal (também conhecido como goth metal ou metal gótico) é um gênero do heavy metal que evoluiu do death/doom metal, e caracteriza-se por seu clima melancólico e um enfoque sombrio em temas como religião, sexualidade e morte. Muitas das bandas do gênero utilizam elementos da música erudita como coros e orquestras (produzidos, na maioria das vezes, por sintetizadores) e vocais líricos. Alguns acreditam que pesar de possuir influência do rock gótico, o gothic metal não é um tipo de música gótica, pelo fato da subcultura gótica nunca ter tido nenhuma relação com o metal até então. Entretanto tal argumento mostra-se falacioso tendo em vista que o gothic metal é o estilo mais popular a trazer público a música gótica. O gothic metal tende a aderir valores, filosofias e ideologias tanto da subcultura gótica quanto da metalhead. O termo foi cunhado por Nick Holmes, vocalista do Paradise Lost[2] e o álbum Icon lançado em 1993 pela banda, já apresentava essa sonoridade.

Características

O gothic metal é considerado um gênero musical bastante amplo gerando diversas discussões sobre o que é necessário para uma banda ser considerada do estilo gothic metal. Alguns pontos comuns entre estas bandas podem ser citados abaixo:

             A afinação dos instrumentos de corda tende a ser mais grave que o normal (E); variam entre D (Tiamat, Paradise Lost), C# (My Dying Bride), ou até B (Type O Negative).

             Os teclados tem um papel de destaque neste estilo, auxiliando na criação da atmosfera e clima das canções. Os teclados são utilizados para simular outros instrumentos em sua maioria de sopro ou de cordas.

             As características dos vocais é a personalidade feminina, mas algumas bandas, como a pioneira Paradise Lost, possui vocais masculinos. Os vocais masculinos podem ser tanto de um tenor ou barítono quanto guturais. Já os vocais femininos tendem a ser agudos e operísticos (geralmente soprano), por vezes cantados em um tom regular com vários efeitos de reverberação. Nos backing vocals temos a utilização de coros e de canto gregoriano.

             A atmosfera das canções de gothic metal é sombria, porém sem a lentidão do doom metal ou a virtuose do symphonic metal e do power metal (estilos musicais às vezes associados ao gothic metal, por causa de bandas como Nightwish e After Forever que costumam mesclar a temática gótica às suas composições.

Temática

As letras do gothic metal abordam alegoricamente temas de escolas literárias tradicionais do século XIX como o Ultra-romantismo e o Simbolismo incluíndo críticas à religião, horror, tragédias e romances, histórias de fantasia e ficção científica, releituras mitológicas e temas medievais. Estas duas últimas características são notadas em diversas bandas de gothic metal, porém, não são essenciais.

O metal gótico é permeado pelo lado escatológico do imaginário judaico-cristão. Alguns exemplos:

             A banda inglesa Paradise Lost tirou seu nome do poema épico de John Milton, O Paraíso Perdido (1667), onde Lúcifer é tratado como uma figura trágica.

             Os suecos do Tiamat tiraram seu nome de uma divindade su
méria, uma "serpente do abismo" que luta com Deus no momento da criação do mundo.
Precursores

Os primórdios do gothic metal já podem ser vistos em três bandas dos anos 1980.

Christian Death

O gênero death rock, através de bandas como Christian Death, teve grande influência no que seria futuramente o gothic metal, mas esta influência parece vir dos últimos trabalhos da banda com Valor Kand, que considerava o estilo da banda como um tipo de heavy metal diferentemente da formação original da banda com Rozz Williams, época na qual a banda possuia grande influencia do punk rock e glam rock.
Apesar de Rozz Williams nunca ter negado suas raízes hard rock - especificamente o Kiss e Alice Cooper -, com a saída dele o Christian Death tendeu visivelmente ao Heavy metal. Um exemplo disso é Born in a Womb, Died in a Tomb, faixa de abertura do álbum All the Hate (1989); essa música têm alguns elementos bem explícitos do Thrash metal.
Apesar de sua fusão pioneira entre metal e rock gótico, a música do Christian Death não transcendeu o círculo composto pelos fãs de Death Rock. A oportunidade disso acontecer veio quando a Century Media quis lançar o seu disco duplo ao vivo deles, o Amen (1995); essa oportunidade veio água abaixo quando a Century Media descobriu que a banda tinha pêgo a arte da capa sem a devida autorização, forçando a gravadora a retirar o disco do mercado.

Samhain



Temos também o caso Glenn Danzig, então ex-vocalista do The Misfits. Danzig continuou sua empreitada musical montando o Samhain, que aproximava o horror punk de sua ex-banda com o heavy metal. O Gothic metal também pode ser visto aqui em suas formas embriônicas, apesar do Samhain exibir um humor macabro discrepante com a "seriedade" dos seus equivalentes europeus. Assim como o Christian Death, a música do Samhain teve pouca repercussão sobre o gothic metal contemporâneo. Apesar disso, algumas bandas de Black Metal gravarem covers da banda (como o Marduk[10] e o Cradle of Filth).

Celtic Frost

Os suíços do Celtic Frost foram de fundamental importância para o desenvolvimento do gothic metal europeu. O grupo é uma influência assumida do My Dying Bride, Katatonia, Paradise Lost, Moonspell, Tiamat, The Gathering  e muitos outros que ajudaram a moldar o estilo para o que ele é hoje.

O Celtic Frost foi um grande pioneiro dentro do metal extremo, porque:

             Eles não tinham a mesma obsessão por velocidade que era característica de seus contemporâneos (Slayer, p. ex.). Preferiam compor músicas mais lentas, que pudessem exibir mais variedade.

             O grupo usava freqüentemente elementos de música erudita nas suas composições: vocais em falsete, tímpanos e metais.

             A banda fazia experimentos com a música ambiente. Dois exemplos: "Danse Macabre", do EP Morbid Tales (1984) e "Tears in a Prophet’s Dream", do álbum To Mega Therion (1985).

             Tom Warrior (vocalista e guitarrista) foi um dos primeiros – senão o primeiro – a intercalar vocais "brutais" com uma voz "gótica", mais suave (porém sombria). A faixa "Mesmerized" do Into the Pandemonium (1987) é um exemplo disso.

História

O gothic metal surgiu no início da década de 1990, na Europa e nos Estados Unidos.

Estados Unidos

Nos EUA o estilo foi capitaneado pelo Danzig, Shadow Project (a então nova banda de Rozz Williams) e o Type O Negative (a partir do Bloody Kisses). O Christian Death segue logo depois, assumindo definitivamente a influência do heavy metal com três dos melhores álbuns de sua carreira: Sexy Death God (1994), Prophecies (1996) e Pornographic Messiah (1998). Mesmo tendo o mérito de aparecer ligeiramente antes dos grupos europeus de goth metal, os representantes do estilo nos EUA tem uma grande desvantagem: eles nunca fizeram parte de uma "cena" coesa, tendo pouco ou nenhum contato entre si (com exceção das brigas entre o Christian Death pós-Williams e o Shadow Project).

Europa

Na Inglaterra o trio do Northern Doom[18] escreveu as regras do jogo. O passo inicial foi dado pelo Paradise Lost, no seu paradigmático Gothic (1991). Ainda com a sonoridade doom / death metal do primeiro disco (Lost Paradise, 1990), a banda no entanto se aventura bem além dos limites estreitos do metal extremo da época. Assim como o Celtic Frost o Paradise Lost incorpora vocais "líricos", tímpanos e arranjos orquestrais (emitidos através de um sintetizador). Ele também cria dois elementos que compoem a formula básica do gothic metal:

             Uma guitarra "base" fazendo power chords enquanto uma outra faz fraseados "melódicos" repetitivos, nas cordas mais agudas;

             As guitarras tocando riffs num intervalo (música) de 5º ou 6º nas cordas mais graves.
Depois de gothic explodiram bandas de doom / death metal pela Europa inteira, entre 1992-1994. Muitas delas iriam mais tarde fazer parte da 2º geração do goth metal: Amorphis,Crematory, Cemetery e Theatre of Tragedy, entre outros. Algumas chegaram nesse mesmo caminho independente do Paradise Lost, como foi o caso do Tiamat e o My Dying Bride.

Brasil

O Gothic Metal no Brasil obteve notoriedade em alguns períodos, com grandes eventos organizados principalmente em São Paulo, Curitiba e Santos, podemos citar algumas das principais bandas da história do Gothic Metal;

Dark Eden

Formada em junho de 1998 em Santos-SP, Brasil, por Gustavo Branco, inicialmente com o nome de “Atom Edge”, o Dark Eden è uma banda de Dark Metal, com uma temática literária poética, porém obscura, contos sobre desejos proibidos e relacionamentos vida/morte, homem/mulher bem/mal são muito do que a banda fala, com uma forte tendência para o Black Metal, devido ao grande peso de suas músicas, mas que também exploram muito bem a beleza do vocal feminino e de belos teclados clássicos, o que tornam o Dark Eden uma banda especial, quase como um Teatro representado através da música, profunda e penetrante. Ainda no ano de 98 a banda gravou seu primeiro material, em Guarulhos, no estúdio Mamuth Z, após ganhar um concurso de bandas, na mesma cidade. 

Silent Cry

Silent Cry teve inicio em 1993 com Jefferson Britto (Drums,Vocals), e Dilpho Castro (Guitars and vocals). Para completar o grupo se juntou à banda o baixista e amigo Cristiano Jarbas, e logo em seguida o tecladista Antonio Mattos. Logo Cristiano deixaria a banda por motivos pessoais e o convidado para substituí-lo foi Jaderson Vitorino. Com esta formação, em 1994 a banda lançaria seu primeiro trabalho em forma de uma demo tape intitulada "Tanatofilo, opulente plenilunio", demo esta que abriu muitas portas, expondo a banda ao cenário underground brasileiro

Master of Darknes

Banda formada em 2002 em Santos/SP, por Paulo Keller. Inicialmente se apresentava tocando covers de Theatre of Tragedy, Tristania, Within Temptation e After Forever, seguindo para composições próprias. Em sua formação original seu instrumental era comandado por Tatiana Henna (Teclado) e Christian Bacci (Guitarra), contava com a experiência de Rodolfo Alexandre (Bateria), com o peso de Alex Bacci (Baixo) e com a guitarra base de Marcos Ghelere, os vocais ficavam por conta de Paulo Keller e Lidiane Sampaio.
A banda teve diversas formações e encerrou suas atividades em 2007 com grandes composições como "Falling Tears" e "Burning Soul" ambas compostas pelo guitarrista Karl Heinz que participou da banda no ano de 2006. Atualmente Christian Bacci é baixista da conceituada banda Opus Tenebrae.

Os primeiros discos de gothic metal

O primeiro disco de gothic metal - apesar do termo ainda não ter sido cunhado - foi Icon (1993), do Paradise Lost. A banda simplificou suas músicas e se livrou dos riffs de death metal e dos andamentos lúgubres do doom metal. Nick Holmes também substituiu o seu vocal gutural por um timbre de voz bem parecido com o de James Hetfield (Metallica).
No mesmo ano é lançado Serenades do Anathema. Apesar de musicalmente situado dentro do death/doom metal, não tendo, assim, nada do que hoje é considerado gothic metal, o álbum tinha uma faixa, "Sleepless", um meio termo entre The Cure e Metallica que viria a ser, diretamente ou indiretamente, um modelo a ser seguido no emergente gothic metal.
Por último temos o Wildhoney (1994), do Tiamat. Considerado inclassificável quando lançado (não parecia com nada do underground metállico da época), o disco criou um novo precedente no mundo do metal. Wildhoney juntou mundos díspares - Slayer com Pink Floyd, p. ex. - e acabou sendo um dos álbuns que definiu o gothic metal. Seu clima melancólico, seus experimentalismos floydianos e alternância de Edlund entre seu vocal gutural e seu vocal mais "cantado" ainda servem de referência até hoje para muitas bandas de gothic metal.

Rumo ao mainstream

Type O Negative

O primeiro "disco de sucesso" do gênero foi o Bloody Kisses (1993), do Type O Negative. O disco em questão tinha uma versatilidade e apelo "pop" muito superior ao dos seus contemporâneos europeus; Bloody Kisses conseguia mesclar de forma coerente Hardcore punk ("Kill All the White People"), Industrial (as várias vinhetas do disco) e Pop psicodélico ("Set Me On Fire", "Can't Lose You"). O Bloody Kisses deu várias oportunidades à banda: foram incluídos no tributo ao Black Sabbath (Nativity In Black, 1994) e fizeram turnês ao lado do Danzig, Pantera, Nine Inch Nails e Mötley Crüe. O TON também teve uma música sua incluída na trilha do filme Mortal Kombat (1995), um disco de platina nos EUA.
Cabe dizer que até hoje já foram vendidas mais de um milhão de cópias de Bloody Kisses só nos Estados Unidos. A banda também conseguiu um disco de ouro por October Rust (1996).

Paradise Lost

O Bloody Kisses europeu foi Draconian Times (1995), do Paradise Lost. Nesse época a banda já tinha conseguido vender mundialmente 1 milhão discos, um marco na história do metal underground só alcançado depois pelo Cannibal Corpse  e Cradle of Filth.
Dez anos depois, o Paradise Lost conseguiu dobrar essa marca - mesmo sem nunca ter conseguido um só disco de ouro ou platina. Há também rumores persistentes de que disco Icon (1993) teria ultrapassado as vendas do álbum hômonimo do Metallica na Alemanha, o que não é bem verdade.

Controvérsias

O que é - e o que não é - gothic metal
Uma grande ironia do gothic metal contemporâneo é o fato de que seus grupos mais bem-sucedidos não pertencem ao gênero. A culpa dessa confusão vêm uma visão estereotipada do gothic metal: bandas de metal com vocalistas femininas e floreios neoclássicos[28]. Essa generalização acaba englobando bandas como Nightwish, Epica, Within Temptation, After Forever e Evanescence.
Nightwish

Uma banda frequentemente confundida como banda de "metal gótico" é o Nightwish. Numa entrevista cedida ao site espanhol Hall of Metal, Tuomas Holopainen (Tecladista e líder do Nightwish) disse o seguinte a respeito dessa questão:
                Eu não considero o Nightwish uma banda de metal gótico. Esse estilo musical é característico do Paradise Lost, Type O Negative ou Lacrimosa no começo de suas carreiras. Talvez pudéssemos ser gothic metal pelo conteúdo de nossas letras, mas mesmo assim eu penso que não temos nada a ver com o estilo.


— Tuomas Holopainen
Numa outra entrevista Holopainen afirma que o Nightwish é "Heavy metal melódico com uma voz feminina". A banda na realidade enquadra-se no Symhonic/Power Metal. Até as influências do Nightwish são distintas da maioria dos grupos de gothic metal: Stratovarius, Megadeth e as trilhas sonoras de Hans Zimmer, Danny Elfman, James Horner e Michael Nyman.
Bandas semelhantes ao Nightwish, tal como Epica, Within Temptation e After Forever, pertencem ao virtuoso Symphonic Metal, ainda que certas canções lembrem o Gothic Metal por um eventual clima sombrio e temas líricos românticos.
Góticos e o gothic metal
O metal gótico atraiu muitos neófitos para a cena gótica. Entretanto, ele foi também alvo de críticas por parte de veteranos dessa mesma cena. Uma parcela dos "antigos góticos" desaprovam o gothic metal pelo fato da raíz do estilo ser o metal. O metal é considerado por eles um estilo machista e misógino. Entretanto, trata-se de um preconceito infundado posto que o metal carece de ideologia própria e unificadora que possa ser entendida de tal forma. Há também os acreditam que sua ênfase na agressividade de guitarras "pesadas" não seja condizente com a "alma feminina" da cultura gótica. Argumentam também que o fato de algumas bandas serem introduzidas à mídia muito facilmente tende por acabar classificando toda banda que tenha vocais femininos e instrumentos sinfônicos como uma banda gótica.

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